“Will, obrigada por este livro fantástico! Inspirador!” (Sussen Gazal)

Estou na página 57 e o sol de janeiro ilumina as cartas de Ernesto a Tita em Cálida Presença. Por ironia da vida, estou em casa em plena segunda-feira, Dia do Presidente, aqui nos Estados Unidos. Já que vivo neste país que se diz “democrático”, decidi comemorar o presidente escolhido por Che para apoiar e defender. Comemoro então hoje, o legado de Jacobo Arbenz, presidente da Guatemala, que sofreu um golpe de Estado, arquitetado pela CIA, em 1954. Arbenz assumiu e fez o que nenhum presidente do Brasil fez: implementou a Reforma Agrária, dando ao agricultor o poder de ser dono da própria terra (até então a Guatemala era um dos feudos do Imperialismo Estado-unidense, nas mãos da United Fruit Company. Che lutou ao lado dos guatemaltecos, quando o país foi invadido por terra, céu e mar, por mercenarios pagos pelos ianques. Quem defendeu o governo Arbenz foi perseguido com fúria. As cartas que escreve a Tita desde seu exílio no México e antes, quando cruzou dez países até chegar à Guatemala City, são um ótimo pretexto para conhecer a ternura de Che, e uma referência extraordinária, pra quem, como eu, quer entender a história da América Latina.

Wilson, recomendo seu livro a todos os amigos e companheiros que querem conhecer de verdade Ernesto Guevara e sua luta pela América Unida, do México ao Estreito de Magalhães, nossa Maiúscula América. Leio suas viagens e reflexões sobre o domínio ianque na América Latina, desde as minas da Bolívia até o bem-estar fictício que gozava a Venezuela, e penso no Brasil, que desde seus primeiros dias de colonizado, aprendeu a ignorar os vizinhos, dando as costas, e com isso criou uma sombra gigantesca sobre si mesmo, o gigante dormido, domesticado, treinado, um verdadeiro “good boy”. Vou continuar a leitura sobre A amizade de Che e Tita Infante. Como é bom e fácil ler essas cartas, parece que as tiro de um baú. Fico contente que você não apenas descobriu onde viviam Adys e Froilan, mas que o casal de cubanos cedeu seus direitos autorais e o entregou a missão de nos contar uma das histórias mais fascinantes da luta pela soberania latino-americana. A editora Cousa também merece meu aplauso.

Sussen Gazal, jornalista brasileira, de Vila Velha, que mora nos EUA, em Massachusetts.

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